Postagem em destaque

  Peçamos a coragem de dizer “não” Pe. David Francisquini Pilatos, o governador romano que cometeu o crime mais monstruoso de toda a His...

Postagens mais visitadas

quinta-feira, 19 de agosto de 2021


Ponto final nas demarcações de terras indígenas


Pe. David Francisquini


Ora sugerindo, ora admoestando, ora criticando, já escrevi em diferentes ocasiões sobre temas candentes envolvendo os três poderes da república, sobretudo quando eles feriam questões morais e religiosas. Se tal direito é assegurado a todo cidadão brasileiro, por que não o seria para um sacerdote?

Com efeito, a vida pública brasileira vem se tornando cada dia mais borrascosa em decorrência do confronto ideológico de forças contrastantes. De um lado está a grande maioria da opinião pública nacional, que apoia o presidente Bolsonaro, a qual possui uma força de persuasão indizível com suas mobilizações nas redes sociais e multitudinárias manifestações públicas. São as forças vivas da Nação, conservadoras, anticomunistas, defensoras da família e da propriedade.

  De outro lado encontram-se os revolucionários que dia e noite têm procurado tumultuar a vida pública nacional, deixando com justa razão os brasileiros cheios de perplexidade. Na verdade, uma minoria bem articulada, atuante e barulhenta. A grande mídia cerra fileira praticamente toda do lado dela, fazendo isso reverberar Brasil afora, e até no exterior.

Hoje, pretendo tratar de uma questão que se confunde com a nossa história. Ao chegarem aqui os portugueses em 1500, encontraram — não se sabe desde quando — os indígenas, que juntamente com os lusitanos e mais tarde com os negros, forjaram o nosso povo que já se impôs no concerto das nações.

Tal foi a harmonia e a fusão dessas raças na formação de nossa nacionalidade, que bem antes da nossa Independência elas se uniram (1648) para expulsar os invasores holandeses na batalha de Guararapes, ocasião em que nasceu o Exército brasileiro. Tudo isso, sem dúvida, se deveu à têmpera e ao zelo apostólico de muitos missionários, sobressaindo os Padres Nóbrega e Anchieta.

Contudo, de umas décadas a esta parte, surgiram os chamados neomissionários, precursores e fundadores da assim chamada teologia da libertação, para contestar toda essa gloriosa história. Para eles, o indômito e venerável Anchieta teria sido — com a sua catequese de cunho religioso e civilizador — um desagregador, um genocida dos pobres índios!

Esses novos missionários ‘veem’ na organização tribal uma obra-prima de sabedoria antropológica, e, portanto, a missão deles constitui em fazer o contrário dos missionários de outrora: evitar a todo custo que os índios sejam contagiados pelos civilizados. Afinal, eles já vivem num paraíso, onde é coletiva a propriedade dos meios de produção. Segundo esta nova mentalidade, “só temos a aprender com os índios”, ou ainda que “os índios devem empenhar-se em promover agitação agrária”. E assim por diante.

A matéria de hoje é sobre o Marco Temporal. Acabo de recebê-la da Campanha Paz no Campo, dirigida pelo Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança. Trata-se de um manifesto alertando os proprietários brasileiros de que demarcação de terras indígenas ameaça as suas propriedades. Com efeito, “o Brasil está coalhado de áreas de conflito por questões indígenas” e o “STF está para tomar uma decisão que poderá aumentar ainda mais o caos já existente”. Caso a tome, “todas as propriedades rurais, inclusive as urbanas, poderão ser atingidas”.

Segundo o documento de Paz no Campo, “estava estabelecido que somente as terras ocupadas por índios até a data da promulgação da Constituição, 5/10/88, poderiam ser declaradas terras indígenas”. E essa data foi fixada mais tarde como sendo Marco Temporal da ocupação, e assim vinha sendo decidido pelos tribunais. A partir desse marco no tempo, não poderiam ser demarcadas mais terras onde antes não havia índios, nem as terras já demarcadas poderiam ser ampliadas. Com efeito, seria o ponto final desta questão de terras para os índios em nosso território!

Padres Anchieta e Nóbrega na cabana
Pindoguçu

Não me estendo mais por exiguidade de espaço, mas vale muito a pena conhecer a íntegra do documento, o que o caro leitor ou leitora poderá fazê-lo no site https://www.paznocampo.org.br/marco_temporal.php Chamo a atenção para o pedido no final do documento impresso. É um apelo aos brasileiros para que se dirijam aos Ministros do STF nos seguintes termos:

Na qualidade de cidadão(ã) brasileiro(a), independente de origem étnica em que a Providência Divina me fez nascer, venho fazer um apelo para que seja preservado o direito de propriedade e o Marco Temporal. E rejeitado o Recurso Extraordinário número 1.017.365, pelo qual se considera válida a demarcação de terras indígenas em locais onde muito antes da atual Constituição não havia índios”.

Junto minha voz à do apelo. O Brasil precisa de nós para que possa continuar sendo o reino de Nossa Senhora Aparecida. Que Ela nos ajude de modo especial neste momento crucial.

sábado, 31 de julho de 2021

A Igreja crê o que ela reza e reza o que ela crê

 

*Padre David Francisquini

 

Nos idos de 1950, ainda muito criança, todo lampeiro, ia aos domingos com meus pais assistir ao santo sacrifício da missa. Durante a celebração ficava observando os movimentos do sacerdote no altar, as formas e as cores dos paramentos litúrgicos, os cantos, além dos fiéis que, recolhidos, uniam suas intenções às do celebrante. 

Não entendia grande coisa do que ali se passava, mas podia perceber que algo de muito transcendente se operava naquele culto prestado a Deus. Ao voltar para casa, juntos com os meus irmãos, num clima tão sério quanto o permitia nossa idade, sob os olhares comprazidos dos pais, porfiava com eles em imitar as palavras e os gestos do padre, à guisa de também “celebrar” a missa.

Alguma coisa de imponderável daquele ritual se prolongava em nossos espíritos, a ponto de o querermos alegremente imitar. Mesmo sendo em latim, por ser bem ordenado, sem pressa, e ao som de músicas e cantos que elevavam os corações a Deus, concorria para a atuação da graça divina em nós, alimentando a fé e o amor à verdadeira Igreja de Jesus Cristo.

Tratava-se da missa de sempre, hoje incompreensivelmente muito combatida e perseguida, por bispos e até mesmo por altos escalões da Igreja. É chamada ‘tridentina’ para diferenciar da nova missa instituída por Paulo VI em 1969. Foi a Missa a que assisti sempre, até me ordenar sacerdote em 1974. Por fidelidade à Santa Missa e aos ensinamentos emanados do Magistério da Igreja, tive de procurar seminários, um após outro, para me manter fiel à tradição.

Ao entrar no seminário, antes mesmo da realização do Concílio Vaticano II, a Missa tridentina era aquela que encantava todos nós, desejosos de um dia poder celebrar os mistérios divinos da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Perseguido com outros colegas de seminário, eu acabei parando em Campos, onde permaneci como sacerdote que sempre só celebrou a Missa tridentina.

A liturgia dessa Missa, graças à sacralidade, elevação e beleza que lhe são próprias, enriquecida por seus paramentos, orações e gestos, marcou a vida da Igreja por séculos, atraindo graças eficazes para inculcar na sociedade reverência e amor a Deus. Contudo, depois do Concílio Vaticano II, houve uma transformação tal que culminou em uma como que apostasia e evanescência dos fiéis, em decorrência da perda generalizada da fé.

Por que “Missa tridentina”?  Foi e continua sendo a missa que sempre gozou de cidadania na Santa Igreja. Ela atingiu seu apogeu no Concílio de Trento (1545-1563), que teve como objetivo tomar posições referentes às críticas dos reformistas protestantes, além de unificar o culto católico, expurgando os abusos litúrgicos e doutrinários que ensejaram a rebelião de Lutero.

Esse concílio se deveu antes de tudo à preocupação dos Padres conciliares em combater, defender e explicitar a doutrina da Igreja para se premunirem da ameaça do luteranismo.

Na verdade, a reação aos abusos e à decadência religiosa da Renascença veio do Concílio de Trento, que contrapôs os golpes dos luteranos com a unificação da liturgia católica, relacionando o crer com aquilo que se reza, traduzido na máxima lex orandi lex credendi, ou seja, que a norma da oração estabeleça a norma da fé. A Igreja crê o que ela reza e celebra ou reza o que ela crê.

O propósito de São Pio V, fiel depositário das intenções daquele Concílio, não era compor livros litúrgicos novos, mas reproduzir a oração da Igreja já em uso. Restituiu ao missal a primeira regra de orar, retomando assim a primeira norma dos santos padres, que consiste em manter a unidade na celebração dos ritos. Tal unidade na Igreja ao perpetrar um rito é de máxima conveniência, pois remonta aos primeiros tempos da Igreja com a tradição apostólica.

Afinal, o zelo que remonta à tradição deve nos afastar de todo o prurido de novidades que grassa no mundo moderno, para darmos assim continuidade à Igreja por todos os séculos dos séculos. O tema da Santa Missa – a renovação incruenta do santo sacrifício do Calvário – não poderia ser mais excelso, e os tempos decadentes de hoje bradam aos céus por desagravo.

Brademos com Elias Profeta: “Zelo zelatus sum pro Domino Deo Exercituum”, 1 Reis, XIX, 1, ou seja, eu me consumo de zelo pelo Senhor Deus dos Exércitos.

Espero poder voltar ao tema.

terça-feira, 6 de julho de 2021

Quem subsistirá ao dia da ira?

 

Quem subsistirá ao dia da ira?

 

Padre David Francisquini

 


Tratei recentemente da escalada de corrupção moral envolvendo crianças, tendo prometido voltar ao assunto, tamanha a sua gravidade. Infelizmente, se na estrutura familiar ainda perduram alguns valores morais, estes não remontam aos princípios, mas a meros atavismos, muito mais fáceis de serem tragados pela maré montante da Revolução gnóstica e igualitária.

Tornou-se rotina, por exemplo, pessoas provenientes de casamentos desfeitos realizarem uma ou mais uniões, agravando ainda mais a precariedade da estrutura que muitos ainda teimam em chamar de “familiar”, na medida em que trazem filhos de uma união para conviver com outros que não são seus genitores ou irmãos.

Como não perceber que esse arranjo dito familiar resulta da falta de princípios e de convicções religiosas que constituíam até um tempo não muito remoto a salvaguarda do casamento, mas igualmente da instituição da família? 

A união entre um homem e uma mulher que desejassem constituir família se dava num Cartório de Registro Civil (não havia ainda a lei do divórcio), mas era, sobretudo, sacramentado no Altar, onde os nubentes juravam diante de Deus fidelidade mútua – até que a morte os separasse – e a educação da prole. 

O casamento indissolúvel, consubstanciado num Sacramento da Santa Igreja, redunda no bem dos cônjuges, dos filhos e da sociedade. Foi ensinado nos santos evangelhos com validade para todos os tempos e lugares, não devendo o homem separar aquilo que Deus uniu.  Este é um arcabouço sólido para se edificar a união entre o homem e a mulher.

No entanto, na medida em que a Revolução anticristã prossegue seu processo multissecular para implantar todo um estado de coisas avesso à ordem – que é a paz de Cristo no Reino de Cristo –, ela vai derrubando os obstáculos com os quais se depara, sendo o principal deles a família, um dos pilares da civilização cristã.

Aqui no Brasil, a ministra Damares Alves vem denunciando reiteradas vezes o tráfico de


crianças para os piores fins, inclusive para serem abusadas sexualmente, com todas as sequelas que tais aberrações acarretam. 

Se Deus julga e sentencia quem escandaliza e desvia uma criança que para ele seria melhor uma mó ao pescoço e ser lançado nas profundezas do mar, qual é a ameaça que pesa sobre os articuladores que se utilizam das crianças como instrumentos de seus planos para eliminar a ideia de Deus da face da Terra?

Outro reflexo dos dias tenebrosos em que vivemos é o Projeto de Lei, 3.369/2015, do comunista Orlando Silva (PCdoB), conhecido como Estatuto das Famílias do Século XXI, que na opinião de publicações e pessoas autorizadas visa à legalização do incesto e da união entre duas ou mais pessoas.

Como sacerdote de Nosso Senhor Jesus Cristo, eu tenho o dever de ensinar os fiéis a cuidar de suas almas e a se santificar pela frequência habitual dos sacramentos. O ensinamento de hoje é apontar nas Escrituras Sagradas algumas passagens sobre a ira de Deus e os castigos infligidos por Ele àqueles que violam a sua santa Lei.
Deus fala em deixar a cidade em ruínas, desolada e arrasados os seus santuários, sem ofertas nem sacrifícios, a ponto de deixar as pessoas perplexas quando os inimigos ocuparem seus países e habitações, como aconteceu nas nações dominadas pelos regimes ditatoriais e ateus.

Diluvio
O Senhor fala em propagar entre as nações a espada, a desolação e a ruína de suas cidades. Recairá sobre elas o castigo de repente, como a águia se atira sobre a presa, porque rejeitaram obedecer aos decretos de sua santa Lei: “Porque é chegado o grande dia de sua ira, e quem subsistirá?” (Ap. 6, 17).

“Da sua boca saía uma espada afiada para com ela ferir as nações; ele as regerá com uma vara de ferro, e ele é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-poderoso” (Ap. 19, 15).

“Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que vos ameaça? Fazei, portanto, frutos dignos de penitência [...] porque o machado já está posto à raiz das árvores. Toda árvore que não dá bom fruto, será cortada e lançada ao fogo” (Lc 3. 7 e ss.).

 


terça-feira, 22 de junho de 2021

 

Inútil será levantar de madrugada

 

  Padre David Francisquini

 

  A virtude da fé é a regra da vida, e a conduta virtuosa o espelho da alma de quem crê em Jesus Cristo e se conforma com os seus ensinamentos. Com efeito, aqueles que amam e temem a Deus constituem exemplo para todos, de modo especial para os inocentes, luz reflexa de integridade moral.

  A vida delas apresenta-se fácil aos olhos dos adultos, pois possuem uma espécie de bússola que as guia diante de exemplos que as encantam. Nosso Senhor serviu-se delas como exemplo para alcançarmos o reino dos céus, tornando-nos como crianças.

  Enquanto os incrédulos e orgulhosos do mundo as ofendem, os pequeninos em Cristo edificam-nas e honram-nas, por isso mesmo Nosso Senhor disse aos que as escandalizam que melhor lhes fora pendurar a mó de um moinho ao pescoço e se atirarem nas profundezas do mar.

  O Filho de Deus usa a linguagem corrente da época para nos ensinar esta verdade, pois a prática de amarrar a mó ao pescoço era própria para castigar os grandes criminosos, sobretudo pelos pecados de escândalo.

  As crianças devem ser alvo de carinho, afeto e predileção, uma vez que seus anjos
contemplam a face de Deus Pai que está nos céus.  Seria grosseiro não se comover por isso, pois o próprio Jesus disse: “Deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o reino de Céu”.

  É para os que não se deixam comover que Nosso Senhor adverte severamente com a figura da mó ao pescoço, anatematizando os escandalosos que desviam as crianças do bom caminho, da luz da verdade e da ciência, do brilho da fé e do esplendor da virtude.

  Quem mais escandaliza em nossos dias? Impossível responder sem entrar no campo político-social. Ao propor o ensino da ideologia de gênero, por exemplo, a esquerda procede em relação às crianças de modo escandaloso, ensinando o amor livre, a pedofilia, e tudo o que decorre disso.

  Fazer o mal moral à criança é operar contra o próprio Jesus Cristo: “Quem recebe uma criança, a Mim recebe”. Na verdade, a esquerda anela por uma sociedade sem Deus, sem virtude, sem regras nem disciplina. Uma sociedade assim moldada resvalará infalivelmente para o caos e  a anarquia.

  Se o futuro de uma nação tiver suas raízes na família, no seio da qual as crianças sejam bem educadas, podemos esperar o que há de melhor para a sociedade. Caso contrário, ela resvalará para a própria destruição.

  Com os meios de comunicação atuais, torna-se impossível não ver isso acontecendo na Venezuela, na Argentina, bem como em todos os países dominados pelos regimes da esquerda, onde, ao lado da pobreza moral e espiritual, haverá sempre carência e miséria material. 

Ao falar do homem sábio e prudente que edifica a sua casa, Nosso Senhor ensina: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e não as pratica, será semelhante ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa e ela caiu e foi grande a sua ruína” (Mt 7. 26-27).

  A ruína de que fala Nosso Senhor não se restringe à matéria, mas toca nos aspectos transcendentes, pois uma sociedade que nega Jesus Cristo e seus ensinamentos tem como meta a ruína moral, espiritual, econômica e social.                     

  Em próximo artigo pretendo dar continuidade a este tema, tão importante para guardarmos a fé e fazermos da virtude a regra de nossas vidas. Caso contrário, ser-nos-á inútil levantar de madrugada...

quinta-feira, 6 de maio de 2021

 

Uma conjuração anticristã


Padre David Francisquini


    


        Ao criar nossos primeiros pais homem e mulher, Deus os abençoou, ordenou-lhes que crescessem e se multiplicassem e enchessem toda a terra, sujeitando-a, como está escrito no livro Gênesis (1, 27-30): “Eis que vos dei todas as ervas, que dão sementes sobre a terra, e todas as árvores que encerram em si mesmas a semente do seu gênero, para que vos sirvam de alimento, e a todos os animais da terra, e  a todas as aves do céu, e a tudo o que se move sobre a terra, em que há alma vivente, para que tenham que comer. E assim se fez".

            Como assim dispôs o Criador, cabe-nos, por nossa natureza e pelas potencialidades e riquezas que nos foram dadas, prover à nossa própria subsistência e trabalhar em função de nosso progresso natural e espiritual, rendendo assim maior glória a Deus. O mesmo Pai não criou seus filhos iguais, antes, os dotou de capacidades diferentes, como se pode depreender da parábola dos talentos.

            Com efeito, nela o servo que soube trabalhar e fazer render os talentos recebidos de seu senhor foi premiado com outros tantos, e o que enterrou o talento foi castigado. Como foi agradável aos olhos de Deus a diligência daquele que se empenhou em fazer progredir suas próprias qualidades, e como foi desagradável a acomodação daquele que se manteve inoperante diante dos benefícios recebidos!

            Todos nós sabemos que a existência do homem é anterior à do Estado, cuja ação deve ser apenas supletiva, ou seja, exercer-se somente quando o corpo social não dispuser de meios para realizar determinada tarefa. O contrário disso a interferência em todos os aspectos da vida dos indivíduos e das sociedades é uma característica do Estado socialista.

            Este último contraria a ordem natural e desafia disposições divinas, com consequências desastrosas para todo o corpo social, pois torna os homens negligentes, sem iniciativas e desinteressados, priva-os de sua liberdade de fazer o bem e os leva à miséria e à desolação, embrutecendo da sociedade e levando ao decrescimento da fé.

            ***

            Recordamos que há mais de 100 anos Nossa Senhora de Fátima alertou a humanidade para os nefastos erros que o comunismo espalharia pelo mundo por meio da
Rússia.
Tendo em vista as comemorações do próximo dia 13 de maio, data de sua primeira aparição aos pastorezinhos, vêm-me ao espírito algumas considerações que desejo compartilhar com os leitores. 

            Por que, apesar de dotado de inteligência e de vontade – portanto um ser livre – tem o homem tão coarctada e perseguida em nossos dias sua liberdade para fazer o bem? Ele vem há séculos perdendo paulatinamente seus direitos fundamentais, como o de praticar a verdadeira fé, constituir e cuidar de sua família, ter a sua propriedade.

            Isso vem ocorrendo à maneira de um bolo colocado sobre uma mesa. Na medida em que as pessoas vão passando, cada qual tira um pequeno pedaço, e em pouco tempo o bolo desaparece... O mesmo se passa com os valores da alma, recebidos dos nossos maiores, que formavam o arcabouço de toda uma civilização fundamentada nos evangelhos.

            Como demonstra Monsenhor Delassus em seu imperdível livro A conjuração anticristã, existe um verdadeiro conluio para negar o pecado e a Redenção de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele faz com que o homem vá perdendo espaço no panorama da civilização cristã e resvalando para uma vida tribal diametralmente oposta àquela plasmada pelos nossos incansáveis pregadores que evangelizaram o Ocidente.

            A alma brasileira, indelevelmente marcada pelos ensinamentos do Evangelho, vem sendo desconstruída pelos revolucionários de ontem e de hoje nos seus valores cristãos, como o casamento, a criação dos filhos, a ideia de Deus e da religião, a noção do bem e do mal, a perda das noções fundamentais de justiça, a desarmonia institucional, entre outros.

            De onde o constante apelo dos partidos de esquerda e do Judiciário no sentido de implantar ideologias nefastas, como o aborto, o incesto, a identidade de gênero, a poligamia, a adoção de filhos por parceiros homossexuais – como se tratasse de um casal normal –, o direito de herança, a eutanásia, entre outros crimes. Numa palavra, levando os homens para um despenhadeiro rumo ao caos, como já ocorre na Venezuela e na Argentina. 

            Em seu processo de apodrecimento generalizado da sociedade, a Revolução gnóstica e igualitária vem aos poucos eliminando, envenenando e matando, aqui, lá e acolá, com uma força de expansão própria à dos gases, esses valores morais que a civilização cristã recebeu da Igreja e nos transmitiu, tentando eliminar assim a própria ligação do homem com Deus. É a crise religiosa instalada nos quatro cantos da Terra.

            Em decorrência do que se propaga sobre o vírus chinês do Cavid-19, parece que o mundo não voltará mais à normalidade anterior. Se Deus não intervier, será o advento de um estado de coisas em que não haverá mais para os homens liberdade de ir e vir, de gerir seus negócios e sua vida como melhor lhes aprouver, nem de praticar a religião, especialmente a única verdadeira – a católica –, numa satânica tentativa de conduzi-los ao desespero e ao ódio a Deus.

            Aqueles que reagem a esta avalanche são tachados arbitrariamente com epítetos de
negacionistas, antidemocráticos, obscurantistas, contrários à ciência, todas elas palavras-talismãs cuidadosamente estudadas em laboratórios e utilizadas ad nauseam pela grande mídia para causar o maior estrago possível nas hostes conservadoras.

            Em suma, toda esta urdidura visa atacar no homem naquilo que lhe é natural – um ser racional e livre criado à imagem e semelhança de Deus –, para criar um homem novo à imagem e semelhança do demônio. Em seu frenesi desarticulador, tal é o objetivo final da fúria revolucionária.

            O ponto central da mensagem de Fátima trata dos erros da Rússia que se espalhariam pelo mundo para perder as almas. Urge atender aos apelos de Nossa Senhora, rezar e fazer penitência, recitar diariamente o terço, fazer a comunhão reparadora dos cinco primeiros sábados, e, sobretudo, mudar de vida e de comportamento diante dos descalabros das modas imorais.

            Lutemos e procuremos fazer a nossa parte. Deus, por meio de sua Mãe Santíssima, nos dará a vitória!