Dependentes, só de Deus
As
grandes manifestações do dia 7 de setembro último -- festa de nossa
Independência -- ao mesmo tempo que deram muita esperança ao País de sair do
atual impasse a que foi submetido por forças nada ocultas, causaram abatimento não
pequeno nas hostes esquerdistas, incluindo os que sonhavam com a dita terceira
via, o que parece bom presságio.
Tenho
o hábito, adquirido desde os anos de Seminário, de recorrer às Sagradas Escrituras
para preparar sermões e outros estudos, entretendo-me ora com a sabedoria, ora
com a ciência, ora com os conselhos ali encontrados, ora com a linguagem
grandiloquente e a beleza incomparável de suas metáforas.
Do
Novo Testamento, cito apenas a parábola dos lírios do campo, que só poderia ter
sido expressa por um Deus... Detenha-se comigo, leitor(a), e admiremos uma vez
mais a beleza da narração de São Mateus ao escrever as palavras de Jesus Cristo
quando tratou de nosso desapego aos bens terrenos:
“E
por que vos inquietais com o que vestirá? Considerai como crescem os lírios do
campo; eles não trabalham nem fiam. E digo-vos, todavia, que nem Salomão, em
toda a sua glória, se vestiu jamais como um deles” (6,28).
As
palavras inspiradas pelo Espírito Santo são portadoras de grande carga
simbólica. Quantos servos de Deus dedicaram as suas vidas a fim de meditá-las,
estudá-las, e assim se santificarem, tendo muitos deles deixado consignadas
grandes obras para o aproveitamento dos homens e regozijo dos anjos, redundando
tudo para a glória de Deus.
Ainda ontem, lendo e meditando o Livro do
Eclesiastes, que muitos atribuem a Salomão, refleti sobre o simbolismo das
referências à direita e esquerda, expressões hoje até muito bagatelizadas, mas
que não deixam de despertar curiosidade quando tomadas dos livros sagrados e
aplicadas às circunstâncias políticas como a que atravessamos no presente momento.
Com
efeito, um embate bastante politizado vem ocorrendo no Brasil, fenômeno pouco
comum entre nós, pelo menos até o advento das redes sociais, pois os grandes
meios de comunicação imperavam de modo absoluto como os únicos que sabiam e
poderiam ‘pensar’ pelos brasileiros, impingindo suas tendências, suas modas,
suas ideias, enfim, sua filosofia de vida.
As
grandes manifestações populares em defesa de nossas antigas instituições --
como a família, guardiã dos bons costumes, da boa ordem social com o respeito
ao próximo e ao seu patrimônio, resguardada por um Judiciário que inspirava
confiança não apenas imediata, mas perene -- representam a projeção do que a
média dos brasileiros pensa sobre o que se convencionou chamar de direita e
esquerda em matéria política, aliás termos hauridos dos tempos da Revolução
Francesa.
Por
oportuno, menciono uma passagem que me atraiu a atenção do livro do
Eclesiastes: “O coração do sábio está na sua mão direita, e o coração do
insensato na sua esquerda” (Ecl.10,2). Ainda que o autor dessas palavras
não tivesse em vista o Brasil atual, nem nossa política, creio ser válida a sua
aplicação às circunstâncias de nossa situação.
Nesse
sentido, sob a proteção maternal de Nossa Senhora Aparecida, o Brasil se torna
um luzeiro para o mundo, que parece estertorar-se diante de tantos contratempos
criados e alimentados pelos próprios homens. Com efeito, tudo o que se tem
procurado à guisa de solução vem fracassando ano após ano, dia após dia. Por
quê? Porque os homens não querem reconhecer o erro cometido de terem rompido
com a doutrina e a lei de Jesus Cristo.
Referi-me
acima ao Eclesiastes, agora vejamos o que diz o livro Eclesiástico, 10,7-8: “A
soberba é aborrecida por Deus e pelos homens e toda a iniquidade das nações é
execrável. O reino é transferido de uma nação à outra por causa das injustiças,
das violências, dos ultrajes e de toda sorte de enganos.”
De
uma coisa eu tenho certeza e os conclamo a colocar em prática: rezar, confiar e
esperar que o Brasil volte para o seu passado cristão, a fim de que seja como uma
cidade forte situada sobre um monte, imune de ser ultrajado e violentado pela
injustiça e de vir a depender de alguma nação despótica.