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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

 

Filhos e herdeiros do Brasil de sempre

Padre David Francisquini*

São Francisco de Assis afirmava: “Quando eu digo Ave Maria os céus sorriem, os anjos se rejubilam, o mundo se alegra, treme o inferno e fogem os demônios”. Como chave de ouro, a oração abre um cofre de tesouros da sabedoria e bondade de Deus.

Além de nossa salvação eterna, estas dádivas incluem meios e instrumentos poderosos para a vida diária neste vale de lágrimas que é nossa peregrinação terrena; elas incluem avaliações e posicionamentos que nos levam a ter confiança e discernir o panorama religioso e político do momento.

As palavras sábias e cheias de unção do grande santo, coluna da Igreja, traduzem com propriedade o ensino de Nosso Senhor aos apóstolos: “O Reino de Deus está entre vós”. De fato, no coração de cada homem fiel aos ensinamentos da Igreja, na medida em que os ame e propague, está este Reino.

A decadência moral e religiosa dos últimos séculos não se deu de maneira casual, mas por articulado processo revolucionário, conduzido meticulosamente por forças contrárias à lei de Deus e do Corpo Místico que é a Santa Igreja, mirando os frutos que sua benévola influência trouxe às atividades humanas.

Que forças são essas? Aquelas capitaneadas por Satanás, o eterno revoltado que, perdendo o seu posto no Céu, lançado no inferno com seus sequazes, quer se vingar do que Deus fez pelos homens na Terra: além de nos ter reaberto as portas celestiais, por sua Paixão e Morte, propiciou-nos, como frutos da Redenção, tesouros espirituais que deram origem à civilização cristã.

O que vêm tais forças fazendo? Opõem-se odiosamente a esses frutos, para implantar o caos na sociedade, solapando nos homens as faculdades espirituais, constitutivas de sua alma, a inteligência, a vontade e a sensibilidade. Querem transformá-los de filhos de Deus em seres mais semelhantes a animais irracionais, ou robôs completamente despersonalizados.

Ora, o homem vive em sociedade, e o fundamento desta é a família, tal qual a herdamos da tradição judaico-cristã; trabalham, pois, diuturnamente para aniquilá-la, mediante a introdução dos elementos destrutivos como temos testemunhado: divórcio, legalização de uniões entre pessoas do mesmo sexo, prostituição, amor livre, ideologia de gênero, o aborto e todos os maus costumes.

A família tradicional é dos principais alvos da ação revolucionária comunista; isso vem sendo proclamado abertamente por seus principais dirigentes na cena política brasileira. A ponto de hoje, ao contrário do passado ainda recente, não mais ser feito de forma dissimulada e sub-reptícia, mas abertamente, constando até em seus estatutos partidários!

O objetivo de degradar a família, para assim remover obstáculos ao comunismo, já está escancarado. Tudo para destruir as estruturas básicas da sociedade, a propriedade privada, a ordem social e o estado de direito civilizado. A sociedade supostamente sem classes conduziria à anarquia, à degradação dos costumes… até a uma sociedade totalmente sem moral, incestuosa.

Eis como uma nova ordem ideológica, econômica, política e social pretende modificar radicalmente o caráter católico que ainda persiste na sociedade.

Cabe-nos, como herdeiros da civilização e cultura cristãs, lutar para que os princípios tradicionais, dos quais somos legatários, prevaleçam sobre toda essa impiedade. Se tal avalanche avança sobre nós desapiedadamente, não temos alternativa senão reagir, opondo uma ação contra outra ação.

Pensamos no Brasil neste momento histórico, pois nas próximas eleições estarão em jogo duas concepções: a católica e a não católica. Isso está muito além e acima dos representantes das principais forças da disputa, a do atual presidente e a do ex-presidiário.

Diante de tal quadro, a questão encerra um embate que também vai além da esfera meramente terrena, pois é todo ele constituído pela metafísica do bem e do mal, consistindo na negação ou aceitação das normas de direito divino, que os eleitores forçosamente terão de discernir com clareza para acertar na escolha.

A eleição deste ano, sem dúvida, será um divisor de águas e suas consequências perdurarão por largo horizonte. A esquerda a todo custo quer ocultar o lado religioso, e procura colocar foco apenas em aspectos econômicos. Caso vença, irá arrastar o Brasil para aquele bloco de nações cujos rumos, como sabemos de sobejo, são hostis a filosofia do Evangelho.

O flagelo que isto representa fica claro num simples olhar à nossa volta, para os infelizes vizinhos que já se deixaram dominar.

Com o peso do Brasil, as ideias propostas pela revolução cultural prevaleceriam no Continente, com o delírio de imaginar um futuro melhor sem Deus nem religião, sem verdadeira noção de família e no mais completo esquecimento da noção de Cristandade. O resultado traria a intoxicação dos espíritos, e uma antecâmara do inferno na Terra.

Com efeito, com a nossa costumeira bonomia, descurando de nossas obrigações mais graves diante de Deus e dos homens, vimos sendo defraudados paulatinamente no entendimento das verdades sobrenaturais.

Muitos recebem com indiferença e até simpatia a má doutrina, cínica e declarada. Ou, às vezes, da forma subliminar, difundida pelos meios de comunicação, livros e novelas, postos a serviço do mal.

A estratégia da Revolução Cultural é repetir exaustivamente suas mentiras, manipular palavras, usar ambiguidades, desmoralizar boas decisões tomadas pelos dirigentes. Buscam a todo custo rebaixar e reduzir as pessoas que pensam diferente de suas ideias revolucionárias, comunistas, ateias e vulgares.

Isto pode ser facilmente constatado todos os dias no noticiário tendencioso da grande mídia, de orientação claramente esquerdista; substituindo fatos por narrativas, não se pejam de ressoar boatos transformados em notícias e, alguns dias depois, declararem o contrário, se lhes convier.

A doutrina marxista não reconhece a verdade, apenas trata de interesses a serem defendidos na estratégia revolucionária. O que nos deixa vivamente perplexos e aturdidos é a possibilidade de a esquerda tomar o poder em nossa Pátria.

Partidos com siglas variadas e distintas aparecem unidos num mesmo projeto de governo, que visa à instauração de um regime diametralmente oposto ao que nossos antepassados nos legaram.

Mantendo fidelidade à formação de nosso povo, o Brasil real percebeu, felizmente, que enfrenta questão genuinamente religiosa, sobre uma concepção católica do universo. A cruz de Cristo, desde a origem do Brasil, foi regada com as bênçãos do altar. Aos seus pés a Terra de Santa Cruz nasceu, e ali se realiza misticamente o sacrifício do Calvário.

Foi no altar que ressurgiu revigorado o heroísmo dos cruzados e mártires, para implantar no Novo Mundo um continente católico. Nestas considerações lançamos luzes sobre o panorama.

Pois não queremos um regime ateu e materialista, que substitua a Cruz pela Foice e Martelo. E confiamos nas bênçãos e graças da Virgem de Aparecida, nossa Padroeira, que nos garantirá uma retumbante vitória contra as presentes ameaças.

 

sábado, 3 de setembro de 2022

 

O cristão, aborto e sofrimento

                                                              

 Padre David Francisquini

 

Em recente artigo publicado aqui (30/7/22), mostramos o papel do sofrimento na vida do cristão e sua conexão com a própria Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Com efeito, comentamos um rumoroso escândalo protagonizado por autoridades públicas, ao promoverem um abortamento criminoso, utilizando falsas narrativas, com a cumplicidade de amplos setores da mídia tradicional brasileira.

            Pretendo ainda, desenvolver um pouco mais a avaliação do assunto. Acontece que o aborto faz parte da agenda revolucionária internacional, difundida por inúmeros organismos de extrema-esquerda, como a ONU. Ela inclui banalizar e expor ao ridículo a religiosidade da população, em toda parte do mundo, ferindo a lei natural e divina, em especial no caso, o quinto mandamento da Lei de Deus.

Verifica-se a ausência de unanimidade entre teólogos ilustres, que discordam quanto ao momento exato em que Deus cria uma alma específica - se no momento da concepção ou adiante, como pretendem os abortistas -, mas na verdade isto é irrelevante. Para os que creem no Criador de todas as coisas, o ponto saliente desta discussão é indubitável: Deus na sua onisciência tem, desde a eternidade, o plano de criar todos e cada um dos seres humanos, até o último habitante da terra.

            De tal modo que a interrupção do processo gestacional implica, necessariamente, em interferência indevida nos planos divinos. Para os que possuem a fé, é de pouca importância saber qual o exato momento em que se dá a concepção. O que importa é a conformidade com a vontade de Deus, Senhor também dos variados episódios da vida humana, mesmo daqueles mais indesejáveis e trágicos.

Ele pode, soberanamente, tirar de todas as coisas o melhor proveito, no sentido da sua maior glória e salvação dos homens. Esse episódio causou espécie nas famílias Brasil afora, quando foi noticiada a decisão de permitir a realização de aborto em uma menina de 11 anos. O caso foi tratado como se fosse estupro, quando na realidade o que aconteceu foi fruto de conjunção carnal entre dois menores, com idade inferior a 14 anos, resultando daí uma gravidez.

            Ora, esta não é a situação contemplada sequer pela frouxa e concessiva legislação brasileira em vigor, que regulamenta a questão. Nem se poderia legitimamente assim regulamentar, pois se trata de violação da lei natural, e o pecado contra a natureza clama a Deus por vingança. Omitiu-se, ademais, o fato de estar a mãe-criança carregando uma gestação ao longo de 26 semanas; a vítima era, portanto, um bebê já formado no ventre da mãe, o que configura caso de homicídio.

            A respeito de tal situação, pôde-se ver em importante site de notícias toda uma manipulação verbal, com sentido de distorcer a realidade dos fatos, ocultando aqueles dados tão importantes. Assim se buscava atrair a simpatia do público leitor, por um mal- compreendido humanitarismo, tudo para dar ares de legitimidade ao feito abominável.

            Este foi, sem dúvida, mais um capítulo entre tantos casos deploráveis, em que a proteção ao direito fundamental à vida foi violentamente olvidada, sob pretexto de preservação da saúde e bem-estar da portadora de uma gravidez indesejada. Abortos acarretam, invariavelmente, o agravamento da situação, nunca solução, pois ao longo de uma vida resultarão em graves consequências, físicas e psíquicas para a mãe. Mais sofrimentos, portanto. Estudos sérios e objetivos já o provaram ad nauseam.             Pecados graves têm efeitos ou consequências maiores e mais drásticas do que se possa perceber em avaliações rasas. Um princípio moral vem a propósito. São João da Cruz afirma que, ao consentir num vício ou cometer determinado pecado, outros maus pendores do indivíduo são impulsionados, ganham mais força!

            Para compreender a razoabilidade desse conceito, uma analogia com o mundo físico pode ajudar: no século XVII, o afamado matemático e filósofo Blaise Pascal enunciou um importante princípio, a lei dos vasos comunicantes. Por ele, a pressão exercida num ponto de um líquido se transmite a todos os outros pontos desse líquido e às paredes do seu recipiente.

Percebemos assim o enorme alcance moral que tais situações têm sobre os personagens da trama cruel e sanguinária, assim como o mal social que farão, alcançando uma multidão incontável de outras almas. É todo um sistema de ideias e princípios morais que ficarão abalados, com consequências inimagináveis na estrutura psíquica individual, no tecido social e mental da consciência da sociedade. Pior ainda, partidos de esquerda que estão engajados nesse programa da transformação paulatina da nação, por meio de leis, como por exemplo, o PT e outros partidos de esquerda.

A solução para pulverizar a uma conspiração tão maligna não resta outra alternativa a não ser oração e penitência, sobretudo o santo terço, como nos pediu a Virgem na Cova da Iria.  Rezemos todos nós, assim, pelas vítimas mais frágeis envolvidas nesse gravíssimo acontecimento da vida moral brasileira. E, sobretudo pelo pronto fim desses tempos sombrios e Tão cruéis.  Desfecho que virá, como confiamos, pela vitória do Coração Imaculado de Maria Santíssima, que esmagará a cabeça da serpente revolucionária, como prometido por Ela mesma em Fátima.

sábado, 30 de julho de 2022

É difícil hoje a vida do cristão

Padre David Francisquini


Os livros sagrados proclamam que a criatura, livre da corrupção, alcança a gloriosa liberdade dos filhos de Deus.  Apesar de gemer no peregrinar dessa vida, num vale de lágrimas, há uma possante eficácia de alcançar a graça, em conformidade com a providência Divina, pelo fato de  Nosso Senhor Jesus Cristo, filho de Deus encarnado, ter traçado o caminho da integridade ao determinar: “Se quiseres vir após mim, renuncia-te a ti mesmo, toma a tua cruz e segue-me”. Como? De que maneira? Simplesmente cumprindo sua santa lei, auxiliado pela graça oriundos dos sacramentos e  pela prática constante da oração.

“Christianus alter Christus”, o cristão é um outro Cristo. Muitas vezes, dores inenarráveis trespassam a alma dos seguidores fiéis. Essas amarguras, unidas aos indizíveis sofrimentos do Redentor Divino, servem para aplacar a maldade daqueles que têm sede de absurdos, de torpezas e de pecados, obtendo-lhes graças que não receberiam sem o mérito de “outros Cristos”, isto é, de outros cristãos, devotos e dedicados aos princípios imutáveis da Santa Igreja .

Deus é Pai e garante aos filhos, sofredores, que se mantiverem fiéis até o fim, a recompensa demasiadamente grande por todos os séculos. O apóstolo São Paulo afirma que combateu o bom combate e guardou a fé; estava-lhe, pois, garantida a compensação da coroa imarcescível, aquela que jamais perderá o esplendor ao fim da laboriosa missão de evangelizar.

Assim, entendemos a razão da dificuldade, que há atualmente na vida do cristão, sobretudo ao enfrentar o ambiente geral com atitudes e opiniões diferentes das que nele grassam. Dizer ‘não’ ao meio social, tão degradado moralmente, é um ato de coragem, de destemor e de não se deixar compactuar com as ideias revolucionárias. Ser cristão é pertencer à Igreja, e lutar por ela, com denodo e galhardia,  é coisa muito alta, mas também muito árdua e nobre.

Segundo recomenda o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, devemos pensar como a Igreja pensa, sentir como a Igreja sente, agir como a Igreja quer que procedamos em todas as circunstâncias de nossa vida. Isto supõe um senso católico real, uma pureza de costumes autêntica, uma piedade profunda e sincera. Com efeito, pertencemos à Igreja militante e devemos nessa qualidade lutar em defesa das leis e dos direitos de Deus, sobretudo quando mais generalizadamente vilipendiados.

Não podemos ficar indiferentes diante das ignomínias que todos os dias vêm se acumulando, como a imoralidade desenfreada e suas funestas consequências, a promiscuidade, a prática do aborto, os assassinatos, as revoltas, tudo visando à implantação da sociedade comunista e igualitária.

Olhemos para o Brasil! Revolucionários tentam controlar os destinos da nação, determinando rumos anticristãos, violando valores da família com igualdade de ‘gênero’, aborto, drogas, prostituição, violência e convulsão social. Tudo isso foi sendo lançado e divulgado aos poucos, em pequenas doses, nas mentes humanas, através das novelas, séries, filmes, até mesmo jogos e desenhos animados, considerados infantis, mas que trazem em si uma linguagem subliminar e manipuladora de mentalidades e pervertimento das tendências.

No horizonte podemos divisar a estrada rumo ao precipício, que conduziria os brasileiros à dolorosa situação de nossos irmãos cubanos, venezuelanos e argentinos. A partir do momento em que uma erva daninha viceje no tronco de uma árvore, ela começa a matá-la. Com a devida adaptação, o mesmo não acontece com as pessoas?

Não uma erva, mas um câncer infectou a civilização cristã, forjadora da sociedade orgânica medieval, e a vem aniquilando progressivamente; ao corroer e carcomer de maneira incessante a ordem social e espiritual, produziu a crise de fé e moral que agora atinge seu ápice. Estas reflexões tomam particular relevância com o fato recente, relativo à infeliz família na qual um aborto foi praticamente forçado, mediante falseamento de narrativas estranhíssimas. Com desastrada atuação de autoridades judiciárias, puseram em xeque o valor da vida, dádiva de Deus a ser preservada desde o primeiro instante da concepção. Cada nova vida tem sua finalidade desejada por Deus, o que a torna imune a interferências criminosas alheias. Não é atribuído ao Estado, nem a quem quer que seja, o poder para interromper o curso normal da vida desde a concepção, e sobretudo na fase mais avançada de gestação. É direito inviolável da pessoa humana, não sendo permitido a ninguém, em nenhuma circunstância, interferir neste processo até o nascimento. Pois, vale mais obedecer ao Senhor da natureza, do que acatar determinações de homens, com suas leis perversas e seu querer injusto. Desconhecer as leis do Criador não é senão uma enorme iniquidade e criminosa presunção.

O Mandamento “não matarás” é transgredido sistematicamente nos hospitais onde tais práticas vão se tornando cada vez mais frequentes; qualquer forma de eliminação do nascituro contraria os planos eternos de Deus para cada ser humano criado. Não importa a forma como ele foi gerado, porque interferir numa vida é ir contra os planos do Criador.

É falacioso o argumento de justificação quando se trata de estupro. A criança não tem culpa no pecado de seus genitores. Se alguém tem de pagar, esse não é quem foi gerado, mas os que pecaram, por ação ou omissão, pela forma como foi concebida. Pensar o contrário leva diretamente à ideia criminosa contra o nascituro.

       Notícias capciosas dos meios de comunicação objetivaram ardilosamente chancelar um aborto para obter a anuência sentimental dos brasileiros, justificada por suposto estupro. Sabido é o repúdio de quase 90% da população a esse procedimento, pura trama da guerra psicológica revolucionária. Sem argumentos, sem fundamentos, apenas exploram o sentimentalismo, sem ater a racionalidade do homem.

sábado, 9 de julho de 2022

Quando a barba do vizinho arde...

 

Padre David Francisquini

 

Em contraste com o imenso apoio popular ao candidato anticomunista vencedor aqui, cuja reeleição se quer a todo custo impedir, aumenta a apreensão dos brasileiros com o rumo político dos países vizinhos, onde a manipulação midiática e a abstenção conduziram ao poder elementos da esquerda. Desenha-se um embate histórico no continente ibero-americano, cujo desfecho definirá o rumo de todo o Ocidente.

Senão vejamos: ao norte, Cuba, Nicarágua e Venezuela padecem há décadas sob a férula do socialismo mais radical, mantido ‘manu militari’; ao sul, por incompetência da direita, a Argentina recaiu nas garras da esquerda peronista, embora balance agora na incompetência ainda maior dos comunistas; a oeste, Bolívia, Peru e Chile são campos de batalha onde as táticas do Foro de São Paulo vêm prevalecendo; e agora foi a vez da Colômbia eleger presidente um ex-guerrilheiro cuja ‘conversão’ a ninguém convence.

O que levou os nossos irmãos sul-americanos a estas infelizes opções? Propensão a um masoquismo político/econômico? Não está mais do que demonstrado o fracasso do socialismo? Não chega ele sempre pela força ou por artimanhas, ou ainda por cumplicidades, em não menos suspeitas eleições?

Com efeito, há muito a demagogia marxista deixou de convencer a classe trabalhadora no tocante à luta de classes e outros pruridos igualitários; temos um bando de oportunistas com interesses escusos e plataformas embaralhadas, outros já ricos e grã-finos, e mais, artistas, apadrinhados por proteção escandalosa de governos, e a benevolência de uma imprensa totalmente infiltrada.

Os artífices desse sistema político/econômico antinatural ‘aparentaram’ abandonar as armas por mera estratégia política, para colher melhores dividendos junto aos incautos. Mas, quando julgam oportuno, recorrem a elas sem cerimônia, como na recente invasão da Rússia de Putin à Ucrânia.

Também têm perdido nichos relevantes, destacando-se o ‘ensurdecedor’ silêncio da chamada esquerda católica, que de católica só tem o nome, a qual se mantém calada porque conquistou o grau máximo de rejeição popular. Uma bênção dos Céus, que devemos a causas remotas, localizadas nas profundezas da psicologia católica do povo.

O ex-guerrilheiro Gustavo Petro eleito
 presidente da Colômbia, devido à imensa
abstenção de eleitores

Este substrato discreto, mas fortíssimo, foi revigorado no século XX pela luta ideológica incansável, travada ao longo de seis décadas pelo Dr. Plinio Corrêa de Oliveira e suas organizações. Tal luta é continuada hoje por um pugilo de pensadores e homens de ação que seguem suas pegadas na defesa dos valores tradicionais da civilização cristã, com ênfase na família e na propriedade.

Via de regra, a conquista do poder no subcontinente vem se dando pelo apodrecimento moral da sociedade, seja pelas drogas, pelo crime e pela imoralidade, seja pelo banimento do catecismo para a infância e pela infiltração esquerdista no campo da educação, do primário à universidade.

Cumpre dizer que o nosso operariado está a quilômetros desse processo tenebroso, constituindo-se um dos segmentos mais saudáveis de nossa sociedade, aliás, fenômeno que vem acontecendo em âmbito mundial.

O que esperar para os próximos meses em nosso País, de modo especial no amado Rio de Janeiro? As forças do crime organizado, sempre desagregadoras, estão sempre de mãos dadas com a esquerda política e vêm constituindo uma espécie de casta privilegiada em favor da qual a nossa justiça coibiu a ação policial nos morros da cidade.

Tal liberdade resultou na presença inconteste de delinquentes armados impondo suas leis e arregimentando adeptos. Consequência: o Estado do Rio parece ter sido escolhido para palco de previsíveis batalhas cruentas que venham a ser planejadas pelas forças revolucionárias. Eu indago: com que objetivo? E respondo: a conquista do poder, obviamente!

O combate do atual governo às drogas e ao crime vem deixando muita gente desconcertada, gente que já tinha se enquistado nas classes dirigentes do País. A resposta vem com radicalização. Soubemos, pela imprensa, do ‘diálogo’ cabuloso entre o PCC e o PT; o ex-presidente, depois de ‘descondenado’, se põe em campanha ‘sui generis’.

Lula da Silva declara que viabilizou junto ao governo do PSDB a soltura de uma dezena de criminosos envolvidos no sequestro do empresário Abílio Diniz; defende abertamente o aborto e cumprimenta radicais blasfemos que profanaram uma igreja em plena Missa. Será por questões político-partidárias da esquerda?

Temos muitas razões para nos preocuparmos e prevenir o que ocorrerá até as eleições deste ano. Um dos fatos mais graves com os nossos irmãos sul-americanos foi o de simplesmente não terem comparecido às urnas, favorecendo candidatos da esquerda com mais de 50% de abstenção.

Ora, os esquerdistas não se abstêm. Enquanto sacerdote e pastor de almas, não estou pedindo que optem por tal ou tal candidato. Meu clamor é para que compareçam ao pleito, evitem desgraças como as dos vizinhos. E dirijo-me especialmente aos mais velhos, que a lei desobriga de votar. O voto veterano em 2022 poderá ser decisivo no pleito brasileiro.

O Brasil vem se mantendo numa situação ímpar. Basta ver que os homens do dinheiro internacional passaram a investir aqui, prenunciando um período de intensa atividade econômica, na contramão do resto do mundo; o custo de vida aumentou, como em todos os países, mas graças a Deus temos a segurança alimentar assegurada, além de sermos um povo generoso, acolhedor, disposto a passar e enfrentar momentaneamente por dificuldades em benefício das gerações futuras.

Guerrilheiros do ELN celebraram a vitória
 do novo presidente colombiano, Gustavo Petro
Não permitamos que se dê um passo rumo ao precipício, sob pena de mais tarde termos de pedir o nosso Brasil de volta... Não permitamos que a nossa bandeira de verde se torne vermelha, como anseia a esquerda... Evitemo-lo a qualquer custo e sirvamos ao mesmo tempo de exemplo para que os nossos irmãos sul-americanos possam sair o quanto antes do abismo no qual nunca deveriam ter caído.

 Os melhores analistas isentos, dos poucos que ainda restaram, garantem que o lado para o qual pender este gigante que não é mais adormecido, irá o maior contingente de população católica do mundo, não sem propósito denominado outrora o Novo Mundo, Terra de Santa Cruz.

Que Nossa Senhora Aparecida, nossa Padroeira e Rainha, a Quem a Princesa Isabel recomendou o trono em sua eventual ausência, nos conduza ao fortalecimento de nossa fé e confiança, como já vem fazendo, nessa imensa e ingente tarefa.

sábado, 11 de junho de 2022

Senhor, por que pareceis dormir?

 

Padre David Francisquini


No último domingo, dia 5 de junho, cinquenta dias depois da Páscoa, a Santa Igreja celebrou a grande festa da descida do Espírito Santo sobre a Virgem Maria e os Apóstolos reunidos no Cenáculo. Trata-se de uma das datas mais importantes do calendário litúrgico, juntamente com a Páscoa e o Natal.

O termo “Pentecostes” vem do grego pentēkostḗ, que significa “quinquagésimo”, em referência aos 50 dias que se sucedem à Páscoa. No Antigo Testamento, o Pentecostes era celebrado apenas pelos judeus, no fim da última colheita do ano, como forma de agradecer a Deus pela comida. É também conhecida como celebração da Lei de Deus, em memória do dia em que Moisés recebeu as Tábuas com as Leis Sagradas.

Essa festividade aconteceu especificamente na primeira Páscoa depois de o povo de Israel sair da escravidão do Egito e receber os Dez Mandamentos enviados por Deus. Mas, no Antigo Testamento, o dia de Pentecostes é citado com outros nomes, tais como ‘Festa da Colheita ou Sega’ (Êxodo 23.16), ‘Festa das Semanas’ (Deuteronômio 34.22) e ‘Dia das Primícias dos Frutos’ (Números 28.26).

No Novo Testamento, a comemoração de Pentecostes é citada no livro dos Atos dos Apóstolos, no capítulo 2, quando narra o momento em que os apóstolos receberam os dons do Espírito Santo: “Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (Atos dos Apóstolos 2:1-4).

Os fiéis católicos sabem que a festa do divino Espírito Santo é comemorada com toda solenidade e se estende por oito dias. Tão importante é este tempo, que os domingos seguintes estão concatenados entre si e são chamados ‘domingos depois de Pentecostes’. A importância dessa solenidade se acentuou a partir do século IV, e conferiu à Igreja o valor do batismo e da crisma administrados aos catecúmenos na vigília de Pentecostes para aqueles que não os receberam no Sábado Santo.

Com o fato histórico descrito nos Atos dos Apóstolos, fica estabelecida a promulgação solene da verdadeira Igreja de Jesus Cristo, que se dá na difusão do evangelho e administração do Batismo. As línguas de fogo sobre os apóstolos indicam a difusão da verdadeira fé e da palavra de Cristo contidas nos evangelhos e nas epístolas: Ide, pois, ensinai todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 19).  A Igreja, esposa de Jesus Cristo, se inicia pelo esplendor e grandeza desta ação no mundo no dia desta solenidade, onde se encontrava reunidos os discípulos do Senhor.

 Com a descida retumbante do Divino Paraclito sobre os apóstolos, estes se tornaram instrumentos eficazes da graça para transmitir em toda a face da terra a doutrina ensinada por seu Divino Mestre. Não é de estranhar que a vinda do Espírito Santo no Cenáculo deu-se com grande estrondo; com um vento impetuoso e a aparição de destacadas línguas de fogo sobre todos os que se encontravam no recinto sagrado, onde Jesus Cristo instituiu a Eucaristia e o Sacerdócio católico. Todos ouviram em seus próprios idiomas, com enorme fascínio, o que os apóstolos falavam sobre as maravilhas de Deus.

São Luís Grignion de Montfort, no Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, descreve a relação entre o grande acontecimento de Pentecostes e os pregoeiros do Reino de Maria. Fundamenta ele que a ação de Maria no Cenáculo sobre os apóstolos seria semelhante à graça que receberão aqueles que lutarão pela vitória indelével da Igreja em uma era inteiramente marial, pulverizando o processo revolucionário multissecular desencadeado há séculos com o declínio da Cristandade.

Este grande santo francês, que viveu no século XVIII, num momento em que o movimento revolucionário grassava fortemente em toda a França, não por acaso lançou, com um brado pungente, os seus justos e zelosos anseios de ver restabelecida a ordem universal de outros tempos, fazendo ecoar os anseios do salmista: Levante-se Deus, e sejam dispersados os seus inimigos (Sl. 67, 1-2); Erguei-vos, Senhor, por que pareceis dormir? Erguei-Vos.

Acalentava São Luís Grignion no mais profundo de sua alma, o ideal profético de instauração de uma civilização ainda mais aperfeiçoada do que a de outrora. Segundo os perenes ensinamentos daquela que é Mãe e Mestra da verdade, a Santa Igreja Católica Apostólica Romana ensina, guia, governa, santifica e define as verdades de Fé com vistas à salvação eterna dos homens, em todos os séculos.

Ao se referir ao reino profetizado por ele, São Luís fala que nessa era marial as almas estarão embebidas do amor de Deus, e serão instrumentos do Espírito Santo para constituir uma era de fogo na qual a face da terra será renovada pela ação da Santa Igreja. Convém ressaltar o relacionamento existente entre Maria e os apóstolos, unidos em oração no Cenáculo, pois Maria é o elo entre a Igreja e Deus, pois sendo Mãe de Jesus Cristo, tornou-se a Mãe da Igreja.

De fato, o Espírito Santo operou uma transformação naquelas almas, que passaram a difundir as verdades ensinadas por Nosso Senhor. Pela fé, não somente temos certeza na promessa divina de que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja, mas confiamos que algo extraordinário ocorrerá nos tempos atuais, diante da crise na qual Ela se encontra.

De tal modo extraordinário, que é impensável instaurar o Reino de Maria sem a ocorrência de uma ação extraordinária do Espírito Santo sobre as almas. Como pela ação de Maria no Cenáculo foi possível a vinda do Espírito Santo, assim também será em nossos dias, para que os escolhidos sejam verdadeiros condutores para a difusão da verdadeira civilização em toda a face da terra, em que Cristo será o centro e o rei da sociedade temporal e espiritual.