DIÁLOGO, ONTEM E HOJE…
Padre
David Francisquini *
Baldeação
Ideológica Inadvertida e Diálogo é uma das obras do Prof. Plinio Corrêa de
Oliveira que se destacam em sua vasta contribuição intelectual. Absolutamente
inovador, o insigne autor formula ali princípios de atuação sobre a mente das
pessoas; e mostra como o comunismo — terceira etapa histórica de uma Revolução
que vem destruindo ao longo dos séculos a civilização cristã — leva a cabo essa
atuação.
Interessante
e oportuna utilização do memorável livro, que veio a lume em 1965, encontra-se
em sua íntegra disponível gratuitamente no seguinte link:
https://www.pliniocorreadeoliveira.info/livros/1965.pdf
Seu
objetivo imediato foi desmascarar a ignóbil política vaticana ora em curso para
estabelecer convivência pacífica com a China comunista. As reflexões suscitadas
na atualização de conteúdo, feita em lúcido artigo de Machado Costa, são muitas
e ricas. Aqui vai uma delas, dentre inúmeras outras.
Para
compreender melhor a temática, lembremos a situação geopolítica dos anos 60/70,
radicalmente diferente da que vivemos hoje. Já era possível vislumbrar sinais
de um grande fracasso: o dos esforços para submeter ao regime comunista as
nações de cultura eslava, capitaneados pela Rússia.
Terminada
a Segunda Guerra mundial, expandiu-se a União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas, pela anexação de infelizes nações católicas milenares, como a
Polônia, a Hungria, a Áustria, e tantas outras. A derrocada deste império do
mal já podia ser vislumbrada inevitável em horizonte próximo.
O
ensaio do Prof. Plinio era arma poderosa para uma batalha daquele momento,
contra o esquerdismo católico criado pela Revolução para minar
resistências das almas católicas ao comunismo. Mas muito maior era o seu
alcance filosófico, pelos conceitos explicitados, denunciando inúmeras outras
manobras revolucionárias, nesta secular guerra das forças do mal para destruir
a ordem estabelecida, a cultura e a sociedade orgânica ocidentais.
Baldeação
Ideológica Inadvertida e Diálogo era direcionada para determinada situação,
emblemática, vigente na Polônia. Mas seu conteúdo trazia o discernimento de
conceitos e métodos de manipulação da opinião pública, algo inédito na
literatura política e sociológica, jamais formulado antes por qualquer
intelectual, católico ou não.
Façamos
um esforço de síntese, para aqueles que ainda não leram o livro: é possível
conduzir de modo habilidoso a mente de pessoas, de uma posição para outra,
contrária, que elas não aceitariam se isso lhes fosse proposto às claras. O
conceito era magnificamente sintetizado no título do livro: baldeação
ideológica inadvertida.
Era
ela aplicada por elites dirigentes, políticas e culturais, sobre populações
desavisadas, mediante o uso de técnicas sofisticadas de propaganda e
comunicação social. Com sua explicitação, foram tais manobras detalhadamente
desmascaradas pelo Prof. Plinio, num livro de pequena dimensão e fortíssimo
impacto.
Como
operavam? Mediante o uso sutil de palavras-chave cuidadosamente escolhidas, que
ele designou “palavras-talismã”, numa referência a uma aparente mágica, na
realidade manobra psicológica sutil. A principal dessas palavras, naquele
momento, era diálogo!
Não
se devia combater para destruir o inimigo, mas sim chegar a uma coexistência
pacífica com ele, para assim obter a liberdade de culto, o fim das perseguições
ao Catolicismo etc. Atitude real de capitulação era travestida de atitude de
bom senso, equilíbrio e saudável busca pela paz. Com enorme economia de vidas e
sofrimentos.
Os
condutores deste processo vão atribuindo novos sentidos a palavras relevantes,
cuidadosamente escolhidas, para agregar-lhes novos significados, que vão se
alterando sutilmente e aos poucos. Isso é feito em ambientes supostamente
variados, com vozes aparentemente dissonantes, diversas.
Na
realidade, em bastidores, essas vozes estão muito bem articuladas, todas
participando do mesmo jogo de engano sobre as massas desavisadas, que bem
poderiam ser designadas (como se expressou Nosso Senhor no Evangelho) como
rebanhos sem pastor…
O
livro Diálogo deu origem, na ocasião, a acirrada polêmica de Plinio
Corrêa de Oliveira com um jornalista polonês, quando as forças esquerdistas
infiltradas no meio católico consideraram imprescindível contraditá-lo… Ledo
engano! A força da verdade aumenta quanto mais é exposta, e o estrago causado
nas hostes adversárias foi aumentado pelos ecos da disputa. Assim se mostrou
instrumento utilíssimo naquela conjuntura.
Hoje,
serve-nos para compreender o propósito de criar a “linguagem neutra”, ou o
comportamento, por exemplo, da grande parte da mídia brasileira, ao longo dos
30 anos posteriores à malfadada Constituição brasileira de 1988… Basta lembrar
a torsão midiática de termos tão em voga, como democracia, estado democrático
de direito e ações antidemocráticas.
Presentemente,
tal uso da linguagem vai preparando as mentes para aceitar as consequências de
décadas de infiltração do esquerdismo na vida política brasileira. Com destaque
para a perseguição sistemática que o establishment promove contra as
forças da direita política brasileira.
Estas,
porém, não param de crescer, apontando de modo positivo um futuro cada vez
melhor, inspiradas e fortalecidas pela feliz lembrança da promessa de Cristo,
proclamada no Evangelho de São João (8,32) — agora sabidas de cor por todos os
brasileiros: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
Contra
as águas turvas da linguagem insinuante de partidos de esquerda, nada melhor do
que a verdade cristalina dita em alto e bom som.