COMUNISMO, POLÍTICA E
RELIGIÃO
Padre David
Francisquini
O padre zeloso pela salvação das almas e pela glória de Deus não deve se preocupar apenas com a sua paróquia. Pelo contrário, deve lançar seu olhar para além dela, divisando a sociedade e a nação em que vive. Pois ele é o sal que salga e a luz que ilumina, é o fermento na massa, levedando-a pelo bom exemplo e pela boa doutrina dos seus ensinamentos. Como todos os demais, está em ambiente social, muito mais amplo.
Lamentavelmente, não é o que
se passa nos dias tumultuados em que vivemos. Com dor no coração, vemos muitos membros
da hierarquia, no Brasil, engajados aberta ou dissimuladamente, em favorecer o
esquerdismo, quando não o próprio comunismo. Ignoram a histórica
incompatibilidade dessa nociva ideologia e o catolicismo. As inúmeras
condenações e anátemas já lançados pela Santa Igreja no passado são, assim,
descartadas em detrimento da boa religião, para escândalo de incontáveis almas.
Tal situação não foi
construída de repente. Fruto de longo e paciente trabalho premeditado, foi
decidida nos subterrâneos do poder, no momento em que o Inimigo percebeu que
não destruiria a Igreja Católica pela força, como tentou desde a Revolução
Francesa, no século 18. A idéia de infiltrar pessoas e idéias malignas,
travestidas de “caridosas” e zelo pelos oprimidos, não é nova. Foi claramente
denunciada no início do século 20 pelo célebre papa São Pio X. Longo processo, discreto
e insidioso, desenrolou-se com o passar das décadas...
Agora, na fase final desse
processo, já vemos uma articulação da esquerda internacional, fazendo de tudo
para implantar um modo de vida diametralmente oposto à Revelação Divina, à lei
natural, à autonomia de cada nação contra sua soberania. Ainda por conquistar
de maneira mais profunda, restou o Novo Mundo, as Américas...
Aqui, esperando pela
conquista do Brasil, seus estrategistas tramam fazer um bloco único latinoamericano.
Querem o novo continente todo soviético, como vem anunciando o expoente máximo
da esquerda brasileira, um ex-presidiário descondenado por via de estranho
procedimento jurídico. A proposta integra o programa básico do seu governo, caso
venha a tomar posse, contemplando a “inclusão entre os países latinoamericanos”,
que no seu devaneio terão moeda única e mecanismos de mútua ajuda.
Isso preocupa, não só a mim,
mas a todos patriotas brasileiros, que se ergueram em imensas manifestações
espontâneas país afora, afirmando um NÃO categórico a tudo que possa ser feito
para implantar o comunismo. Centenas de milhares de pessoas avançaram para as
ruas, a pedir socorro contra a implantação esquerdista, que viola os direitos
naturais e divinos e que, portanto, é contrária ao plano da Redenção do gênero
humano, operada pelo sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Esse grito pungente se
manifesta não só pela movimentação política, pacífica e ordeira, mas também
pelo clamor de inúmeras preces, implorando a Deus perdão por nossos pecados e
misericórdia para livrar a Pátria da iminente tragédia, cujos sinais se avolumam
drasticamente no horizonte.
Entre todos os pedidos e
temores da multidão, percebemos surpresos a especial atenção do povo à
preservação da família! Com alegria vemos como se entranhou, na mentalidade
profunda do brasileiro, a idéia fundamental desta preocupação.
Pois Deus, ao criar o homem
e a mulher, os criou para uma sociedade natural, a familiar, que constitui a
base de qualquer organização social orgânica e viabiliza um progresso seguro e
harmônico. Origina também as grandezas produzidas pela civilização cristã, hoje
em franca decadência. O modelo nos faz lembrar que no sétimo dia da Criação,
Deus descansou e avaliou a sua obra como boa, e viu que o seu conjunto era
ótimo.
Ora, o comunismo, destruindo
a família monogâmica e o vínculo conjugal indissolúvel, corrói o organismo
social em seus fundamentos, porque a sociedade é constituída de famílias. Como
resultado desse modelo de família patriarcal, no sentido lato da palavra,
compreendemos o decorrente conceito de pátria e patriotismo; e por fim, o da
autoridade de Deus que é o nosso Pai supremo, o qual o Estado, para prosperar,
precisa reconhecer, de modo a respeitar a lei natural, consignada nos dez
mandamentos.
Para que se organizem assim
as coisas, a graça de Deus é hoje, e sempre foi, indispensável. Compreende-se
também porque o comunismo dedica tanto ódio à idéia de Deus, e, por
consequência, à religião católica e sua benéfica influência de dois milênios, e
quer a todo custo infiltrá-la por seus sequazes. E finalmente, porque criaram
este verdadeiro instrumento de guerra ideológica, a chamada “esquerda católica”.
Os inimigos da fé católica
desejam implantar na sociedade temporal uma Nova Ordem Mundial, diametralmente
oposta a tudo o que há de mais importante para a boa convivência das famílias, o
seu relacionamento entre si e com a nação.
É
bom resgatar o que disse o Prof. Plínio Correa de Oliveira, quando lançou essa
advertência aos católicos: “enquanto os políticos se agitam e se destroem, o
comunismo age. Alguém há de estar alerta (...), colocando acima de tudo a sua
fé e logo depois a sua pátria (...) sem ideologias estranhas, sempre
destruidoras da fé e do verdadeiro patriotismo”.
Não é sem razão que os
padres, com a missão divina de serem os propagadores da fé, são também co-responsáveis
natos, por conduzirem essa luta e reação. É claro que não são só eles, mas
também os leigos. A todos, a Escritura convida a combater o bom combate da fé.
A promessa do Senhor, a quem o confessar diante dos homens, é de que o próprio
Jesus Cristo o reconhecerá diante de seu Pai que está no Céu; e também que não
veio trazer a paz, mas a espada, isto é, o bom combate do qual cada um receberá
sua coroa.
Jesus Cristo também recomenda
que devemos ter à mão as lâmpadas acesas, dos que esperam o seu senhor que
volta das bodas, para que, ao bater ele à porta, possam abrir com pressa e
logo; e termina dizendo, se o pai de família soubesse a hora que chegará o ladrão,
com certeza iria vigiar sua casa e sem dúvida não deixaria que fosse arrombada.
Tais ensinamentos são
alertas que ressoam como uma clarinada, nesta hora decisiva, para todos os
brasileiros. Que não deixem o ladrão invadir a Pátria e a tornar uma terra devastada
e sem honra. Importante frisar que toda esta reação continue pacífica e ordeira,
por parte de todos os elementos e de todas as instituições vivas; serão chamas
ardentes, para evitar que a nação seja entregue a forças internacionais, sempre
prontas a se intrometer em áreas ainda não dominadas, utilizando-se de meios
inescrupulosos e de traiçoeiros.
Estou certo que a vitória
virá, e que a verdade prevalecerá no desfecho desta quadra conturbada, instante
histórico do qual fomos chamados a participar ativamente, cada um na medida de
suas possibilidades. Confiemos cada vez mais em Nossa Senhora Aparecida, Rainha
e Padroeira do Brasil, que sempre estará atenta, a zelar para que se realizem
os grandiosos planos que tem, visando a grandeza e o bem de nossa nação.