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terça-feira, 29 de janeiro de 2013
"Se te buscas deleites ou prazeres"
*Pe. David Francisquini
Entre as muitas verdades
esquecidas em nossos dias, ocupa certamente lugar de destaque a existência do
Purgatório. Isso porque tendo o mundo moderno abraçado o hedonismo, cuja
filosofia põe o prazer como finalidade primeira da vida, a lembrança de um
lugar de expiação e reparação, onde há dor, sofrimento, privação e angústias,
põe as pessoas em fuga.
Como era diferente a
sociedade verdadeiramente cristã, que praticava o ensinamento evangélico de procurar
em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, pois todo o resto lhe seria
dado por acréscimo! Para ilustrar o que afirmo, não preciso citar um santo
medieval, mas um poeta renascentista em cuja alma ainda vicejava a têmpera
cristã, o grande Luiz Vaz de Camões:
Tu que descanso buscas cum cuidado/ neste mar do mundo
tempestuoso / não esperes de achar nenhum repouso / senão em
Cristo Jesus Crucificado... Se te buscas deleites ou prazeres, / nele está o dulçor dos dulçores / que a todos nos deleita com vitória.
Tu que descanso buscas cum cuidado/ neste mar do mundo
tempestuoso / não esperes de achar nenhum repouso / senão em
Cristo Jesus Crucificado... Se te buscas deleites ou prazeres, / nele está o dulçor dos dulçores / que a todos nos deleita com vitória.
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
Do Presépio ao
Calvário
*Pe. David Francisquini
Foto: Familia Pérez y Díaz |
Tratava-se do principal sacramento da
religião mosaica -- simbolizando ao mesmo tempo purificação e santificação -- a
caracterizar e congregar o povo escolhido com a eliminação do pecado original.
Sendo Nosso Senhor Jesus Cristo verdadeiro Deus, descendente de Abraão, não
estava sujeito a essa Lei, mas quis a ela sujeitar-se, em ato de humildade e
obediência, para assim remir e libertar a humanidade da culpa original.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
É
NATAL
O inferno ruge, a Igreja nada teme
Pe. David Francisquini
O que nos diz a singela, ordenada, pura e virginal cena de uma mãe que contempla seu filho que é ao mesmo tempo Deus e homem? Que olhar, que esplendor, no qual se reflete um interesse pelas mais sublimes virtudes de um brilho fulgurante!
Aquele Menino recém-nascido constitui-se o herdeiro universal de todas as coisas. Ao mesmo tempo em que é Filho do Eterno Pai, torna-se Filho da Virgem Maria. Aquele que é o esplendor, o reflexo, a imagem do Padre Eterno, recebe a carne e o sangue, ou melhor, a vida aqui na Terra, servindo-se da mais santa de todas as criaturas.
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
As aves do céu e os lírios dos campos
Pe. David Francisquini
Já revelei em outras ocasiões aos meus leitores o apreço que tenho pela vida campestre, a qual sempre nos remete à contemplação da arquitetonia do universo e aos ensinamentos de Jesus Cristo que estão contidos nas páginas dos Santos Evangelhos. Basta pensar na descrição tão poética quanto apropriada sobre as aves do céu e os lírios do campo.
Com a força física que lhe é própria, o homem prepara a terra e lança a semente, na esperança de tirar do seu trabalho o alimento material de cada dia. Com a sua força da vontade, ele deve procurar com afinco a luz, para entender a realidade mais profunda contida nas Sagradas Letras, haurindo assim sustento espiritual ao longo da vida terrena.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
O cristão é
outro Cristo
*Pe. David Francisquini
A doutrina católica ensina há dois mil anos que christianus alter Christus. Com efeito,
ao nos encontrarmos na amizade com Deus, isto é, em estado de graça, temos uma
vida nova, toda divina, vida sobrenatural com todas as riquezas das virtudes e
dons que nos elevam e nos fazem participar da vida própria e natural em Deus.
Vida
participativa, portanto: divinae
consortes naturae, ou seja, consorte, uma união que se nos dá pela graça
com a natureza divina. Portanto, o próprio Deus habita em nós, tornando-nos
templo do Espírito Santo, morada da Santíssima Trindade, no dizer de São Paulo.
Vivendo e cooperando com
a graça e as virtudes infusas haverá um desenvolvimento e uma união da criatura
com o Criador que poderá atingir alto grau de perfeição, preparando-nos para a
vida eterna. As tribulações, os sofrimentos da vida presente não se comparam
com a vida vindoura.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Limpar a poeira e tirar o mofo (II)
Pe. David Francisquini
Em recente artigo com o título em epígrafe, procurei
analisar a causa mais profunda da baldeação em massa de católicos das hostes da
Santa Igreja Católica Apostólica Romana para os renques protestantes, conforme as
estatísticas e segundo podemos observar em nossa volta. Ao retornar ao tema, convido
o leitor para considerarmos juntos alguns momentos da vida religiosa antes do
Concílio Vaticano II.
No Paraná, onde eu cursava o seminário, ouvi no sermão de
uma Sexta-feira Santa o bispo alertar os fiéis sobre a ação dos protestantes,
que à época percorriam as cidades de sua diocese batendo de casa em casa, a fim
de lançar dúvidas e sementes da cizânia na cabeça das pessoas.
Esses disseminadores da divisão entre as fileiras
católicas não tiveram ambiente para continuar seu proselitismo e acabaram por
deixar a diocese. Para reconforto dos fiéis, esse mesmo hierarca organizava as
tradicionais associações religiosas femininas e masculinas, e não raras vezes
promovia, em torno da catedral diocesana, manifestações públicas com a presença
de todas elas revestidas de suas respectivas insígnias.
Com entusiasmo, ouvi um zeloso padre contar-me ter feito um
debate público com os protestantes, mostrando-lhes não terem conhecimento de
Deus nem dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. As crianças de sua
paróquia sabiam mais sobre os ensinamentos divinos que os seus dirigentes.
Creio que falta hoje aos meus
colegas do clero o espírito polêmico e militante da Santa Igreja Católica.
Julgo oportuno trazer a lume o que diz São Pedro na sua primeira epístola, a
fim de esclarecer a responsabilidade do ministério sacerdotal:
“Apascentai o rebanho que Deus vos
confiou, velando sobre ele, não por constrangimento, porém, espontaneamente,
conforme a vontade de Deus; não por um ganho vergonhoso, porém, por dedicação.
Não vos porteis como senhores sobre a herança [de Deus], porém, tornando-vos um
exemplo para o rebanho do íntimo do coração. E quando aparecer o príncipe dos
pastores vós obtereis a coroa incorruptível da glória; e vós também, ó jovens,
submetei-vos aos mais velhos” (1Petr. 5, 1-11).
Podemos apalpar nessas santas palavras o reflexo e o
esplendor com que o guia de almas deve se dedicar em função da vocação para a
qual foi chamado. Aplica-se aqui a parábola do mau administrador que dissipou
os bens de seu senhor, pois ao conceder o pão da verdade e da verdadeira
doutrina, o sacerdote é na verdade o administrador dos mistérios de Deus.
Ademais, ele administra as águas que jorram dos sacramentos
e das cerimônias religiosas realizadas com sacralidade. Ele é o bom exemplo de conduta
digna e santa do seu estado sacerdotal; ele promove e cultiva a recitação do Rosário;
ele santifica no momento solene da bênção do Santíssimo Sacramento; ele instrui
na religião; ele entoa hinos e joga o incenso de bom odor a Nosso Senhor Jesus
Cristo.
Com rituais que mais se assemelham ao protestantismo –
sem falar dos escândalos nos meios católicos – sacerdotes há que acabam preparando
o espírito dos fiéis para aceitar a doutrina errada. Ora pregam pouco a devoção
a Nossa Senhora; ora descuram da água benta e das devoções externas, como o uso
da medalha de São Bento e da Medalha Milagrosa; ora não arranjam tempo para atender
devidamente às confissões e preparar as instruções religiosas; ora enfim,
omitem o dever de falar de Deus e da alma, do prêmio e do castigo, da mudança
de vida e do combate aos trajes modernos e imorais que pervertem os costumes
das famílias e invadem até os ambientes religiosos.
O que mais estarrece são as heresias e a perseguição àqueles
sacerdotes que querem portar a sua batina e celebrar o rito tradicional da
missa tridentina, o qual nunca foi proibido, como afirma Bento XVI no Motu Próprio Summorum Pontificum.
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Limpar a poeira e tirar o mofo I
Pe. David Francisquini
A propósito de recentes estatísticas apontando o
crescimento das facções protestantes em detrimento da religião católica,
recordo-me que no final da década 1960 um jornalista muito arguto e pouco fiel à
nossa santa fé chegou a afirmar que o Brasil não tardaria a se transformar no
maior país ex-católico do mundo.
À época, eu cursava o Seminário Menor no Paraná e já
podia perceber a transformação paulatina e persistente nos meios católicos
através de sacerdotes ditos progressistas. Com ou sem pretexto, eles
compareciam no Seminário a fim de fazer reuniões, acenando sempre para uma
mentalidade nova a contrarrestar valores então vigentes, qualificados não sem
alguma malícia de “empoeirados” ou cobertos de mofo.
Por ser conservadora, a diretoria do referido seminário
começou a sofrer pressão de um órgão do Vaticano e do episcopado paranaense
para se adaptar aos novos tempos, sob pena de abandonar aquela casa de formação
sacerdotal. Seu ex-reitor deve possuir em seus arquivos os documentos que
exigiam a sua cabeça e a dos demais sacerdotes que o coadjuvavam.
A diocese tinha cerca de cem seminaristas menores, doze
mil congregados marianos e filhas de Maria, além de outras associações de
leigos. Um sacerdote aggiornato do
Rio Grande do Sul, encarregado pelo bispo, visitava uma a uma dessas
associações, sempre propondo limpar a poeira e tirar o mofo através da
modernização, mesmo que precisasse desautorar o sacerdote que dirigia as
referidas associações.
Num ambiente assim hostil ao ensino tradicional, surgiu
uma nova liturgia. O altar do santo sacrifício da Missa foi substituído por uma
mesinha de frente para o povo, músicas profanas foram introduzidas nas
celebrações, o espírito religioso dos fiéis cedeu lugar a uma mentalidade
mundana, e muitas vezes se parodiavam os protestantes. Já no Seminário Maior em
Curitiba, presenciei e ouvi de um sacerdote no sermão a apologia do
protestantismo ao afirmar que a Igreja havia mudado sua posição.
À noite
daquele mesmo dia, com a presença de todos os seminaristas, católicos e
protestantes se reuniram numa igreja da capital paranaense. No púlpito se
revezavam padres e pastores. Houve padres que ousaram defender o fim do
celibato. A partir daí, muitos sacerdotes passaram a sofrer de um mal que ficou
conhecido como “crise de identidade”, outros ainda lamentavelmente abandonavam
o sacerdócio em decorrência das novidades surgidas a partir do Concílio
Vaticano II.
Para os avisados a notícia da redução do número de
católicos no Brasil não chega a surpreender, pois o ambiente vinha sendo
amplamente preparado, como se pode observar na leitura do livro “Em defesa da Ação Católica”, de Plinio
Corrêa de Oliveira. Nessa obra, escrita em 1943, o autor mostra a mudança não
apenas de comportamento, mas igualmente de doutrina, a partir de uma ala
modernista que se tornou atuante já na década de 1930, não respeitando os
tradicionais ensinamentos da Santa Igreja.
Às vezes me pergunto se o clero brasileiro, sobretudo o
episcopado, está realmente preocupado com a defecção e apostasia dos católicos
que passam a engordar as fileiras do protestantismo. Fala-se muito em
ecumenismo nos meios católicos, mas como o clero teria deixado escapar tantas
ovelhas de seu rebanho? São os católicos que estão fazendo proselitismo para
esvaziar os ambientes das seitas protestantes, ou são estas que se aproveitam
da decadência religiosa e do clero? Como fica o dogma de que fora da Igreja não
há salvação?
Essas
perguntas me vêm ao espírito ao imaginar a situação alarmante daqueles que
apostataram ao renegar a fé recebida no santo batismo. Qual teria sido a causa
mais profunda desse abandono em massa – um terço dos católicos – da fé no único
Deus verdadeiro e da religião única e verdadeira desse mesmo Deus que é a Santa
Igreja Católica Apostólica Romana? Para responder tais interrogações,
precisamos analisar a vida religiosa antes do Concílio Vaticano II, assunto que
fica para um próximo artigo.
quarta-feira, 25 de julho de 2012
A impiedade sobre um trono
*Pe David Francisquini
Nosso Senhor
Jesus Cristo deu aos seus apóstolos o mandato de anunciar o Evangelho, a fim de
que suas palavras ressoassem pela Terra inteira: "Ide, fazei que todas as
nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu
estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos" (Mt 28,19-20).
Fortalecidos
com esta missão, os apóstolos "saíram a pregar por toda parte, agindo com
eles o Senhor, e confirmando a Palavra por meio dos sinais que a
acompanhavam" (Mc 16,20). Eles pregavam utilizando-se da linguagem clara e
inequívoca que Jesus Cristo lhes ensinara, e cujas luzes eram destinadas a
perdurar até a consumação dos séculos.
As letras sacras estão permeadas de figuras ricas de significados para descrever o que se passava no coração dos apóstolos: “Em verdade, em verdade vos digo que vos haveis de chorar e gemer enquanto o mundo se alegrará; haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há de converter-se em alegria”. Ao se depararem com a Paixão e Morte de Cristo, a tristeza e a angústia penetraram profundamente nos seus corações; ao ver Cristo ressuscitado, seus corações se converteram em alegria.
A tristeza que
se apoderara do coração dos apóstolos não é ponderável. Para vislumbrá-la,
Nosso Senhor recorre ao exemplo de uma mulher que está para dar à luz. Ela fica
tomada de tristeza em razão do momento difícil, pois chegou sua hora. Mas, após
ter dado à luz, ela já não se recorda de sua anterior aflição, pela alegria de
ter trazido ao mundo uma nova criatura.
Se o exemplo deita
luzes sobre a ressurreição de Cristo – um homem saindo vivo de sua sepultura –,
ele ilumina igualmente a História inteira.
Se em conseqüência
do pecado original a mulher dá à luz em meio às dores do parto, nesta seqüela a
que o pecado de nossos primeiros pais a reduziu nós podemos, entretanto, ver a
figura da Igreja através dos séculos. Quanto sangue, quantas perseguições,
quantas heresias, quantas indiferenças, quantas frivolidades, em suma, quantas
dores teve a Igreja de enfrentar ao longo de sua bimilenar existência!
Tomemos os
nossos dias. Não há lugar do orbe onde não se trame contra a Igreja de Cristo. Costumes
cada vez mais hostis aos Mandamentos de Deus grassam numa sociedade que se
estadeia na luxúria e na opulência de viver, onde praticamente todos vivem privados
da graça e da vida sobrenatural.
Leis ímpias
contrárias à Lei Natural e à Lei Divina vão sendo aprovadas à revelia da
opinião pública, como acaba de acontecer entre nós com a equiparação da união de
pessoas do mesmo sexo com o casamento entre um homem e uma mulher. A aprovação
do aborto de anencéfalos pelo Supremo Tribunal Federal abre as portas para a
matança dos inocentes no ventre materno. Por sua vez, esta mesma lei abre
espaço para a eutanásia...
Se passarmos
para o campo político-social, quantos descalabros! Os leitores devem conhecer
muitos deles. Se acrescermos a isso a crise interna que assola a Santa Igreja,
tisnando a luz, descaracterizando o sal, desedificando a fortaleza para enfrentar
os males que afligem o mundo hodierno, deparamo-nos com uma realidade
profetizada por São Luis Maria Grignion de Montfort em sua Oração Abrasada:
“Vossa fé é transgredida; vosso Evangelho,
desprezado, abandonada vossa religião; torrentes de iniqüidades inundam toda a
terra, e arrastam até os vossos servos; a terra toda está desolada; a impiedade
está sobre um trono; vosso santuário é profanado, e a abominação entrou até no
lugar santo.”
Razão para
perdermos a esperança? – Jamais! Razão, sim, para confiarmos, com ardor sempre
crescente, na promessa feita por Nossa Senhora em Fátima relativa à futura
renovação da Santa Igreja e do mundo: “Por fim o meu Imaculado Coração triunfará!”.
Eis o encanto
e a alegria que nos aguardam, pois será em meio aos sofrimentos e às dores
atrozes de nossos dias que a Igreja dará à luz a maior e melhor das civilizações
que será o Reino de Maria.
quarta-feira, 6 de junho de 2012
As prerrogativas da Mãe de Deus
*Pe David Francisquini
Os poucos textos referentes à Maria Santíssima encontrados nas Sagradas
Escrituras são valiosos em ensinamentos para se avaliar as suas prerrogativas e
de quão necessária é a devoção à Mãe de Deus e nossa. Ainda há pouco, a Igreja
comemorou a maior festa da Cristandade, a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Com efeito, São Paulo sentenciou que se Cristo não tivesse ressuscitado,
nossa fé seria vã.
Se ao deixar seu sepulcro selado Jesus Cristo pôde introduzir-se no
Cenáculo com as portas trancadas, sua onipotência obteve que, gerado em Maria
por obra do Espírito Santo, Ele deixasse o ventre materno preservando toda a
sua integridade virginal. Daí a teologia concluir que Maria Santíssima é virgem
antes, durante e depois do parto. Não há como ocultar tal verdade e dela
duvidar sob pena de se perder a fé na Divindade de Cristo.
Se o Filho de Deus teve um sepulcro onde ninguém antes havia sido
depositado, assim também foi o ventre de Maria. Mesmo depois de sua
Ressurreição, a Escritura Divina narra que todos os seus seguidores tiveram uma
veneração enorme ao seu sepulcro. Em outros tempos, quantas Cruzadas houve para
libertar o Santo Sepulcro? Assim, por que não devotar a mesma veneração, honra,
homenagem e amor Àquela que gerou o Redentor do mundo?
O anjo A saudou, ave, ó cheia de graça, o Senhor é contigo. Eva, a
primeira mulher, ouviu de Deus que geraria seus filhos na dor por causa do
pecado cometido. A Virgem Maria, pelo contrário, desterraria a tristeza por
meio do júbilo que sentia ao ser Mãe d’Aquele que tudo criou. Com razão o anjo
anuncia uma nova mensagem de paz e harmonia louvando Maria pela abundância das
graças que Ela possuía.
É plena de graça Aquela que o Espírito Santo cumulou com uma chuva
benfazeja de graças, inundando a sua alma muito acima de qualquer criatura.
Deus está em seu coração, o Filho de Deus se forma em suas entranhas virginais;
cheia de Deus está sua mente, plenos estão os seus sentidos. O filho de Deus
recebe a natureza humana por Maria e por isso Ela se torna a bendita entre
todas as mulheres.
Se de um homem e de uma mulher veio a maldição do pecado sobre a raça
humana, de Maria e de Jesus nos vieram de novo a bênção, a salvação, a redenção,
a alegria, a paz, o bem-estar e a harmonia. “Não te turbes Maria, porque achastes graça diante de Deus”. É como
se o Anjo dissesse: Não venho te
roubar a sublime e inviolável virgindade como fazem os homens enganosos e
falsos. Afinal, não sou o mensageiro da
mentira.
E o Anjo poderia ter continuado: Quem
merece graça diante de Deus não precisa temer, pois Tu estás adornada com as
mais excelsas virtudes como o brilho da pureza e da santidade. Eu vim dos Céus
não apenas para defender a tua inviolável virgindade, mas para custodiar e
conservar tua consciência imaculada e reta. E eis que conceberás em teu ventre
e darás à luz um filho e por-lhe-ás o nome de Jesus.
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